EXPOSIÇÃO MASP: MUSEU CELEBRA FORÇA DAS MULHERES COM EXPOSIÇÕES DE TARSILA DO AMARAL E LINA BO BARDI

EXPOSIÇÃO MASP: MUSEU CELEBRA FORÇA DAS MULHERES COM EXPOSIÇÕES DE TARSILA DO AMARAL E LINA BO BARDI
Publicado em: Curadoria

Exposições ficam em cartaz até 28 de julho

Se há um programa cultural que você deve fazer atualmente em São Paulo é visitar o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, o MASP, um dos símbolos mais famosos da cidade. Em abril, entraram em cartaz simultaneamente duas mostras que fizeram o público do MASP triplicar: Tarsila Popular, querevela a relação da produção artística da consagrada artista Tarsila do Amaral com o popular brasileiro, e Lina Bo Bardi: Habitat, que olha para a vida, a obra e o legado cultural da arquiteta ítalo-brasileira.

As duas mostras individuais fazem parte do programa de exposições do museu para o ano de 2019 que homenageia as artistas mulheres e, exatamente por isso, ganhou o título de “Histórias das mulheres, histórias feministas”. Além dessas duas mostras que estão fazendo muita gente ir ao museu (e isso é ótimo!), já estão confirmadas outras, além de uma grande coletiva que levará o mesmo título do ciclo das exposições. Todas serão imperdíveis – fique de olho na programação do segundo semestre. Mas, por ora, descubra mais sobre as duas mostras que estão em cartaz até 28 de julho. Programe-se para ir o quanto antes (e já que o programa anda muito concorrido com filas frequentes, uma boa ideia para poupar tempo é comprar o ingresso antecipadamente pela internet no site do MASP).   


Tarsila Popular

Com cerca de 120 obras, entre desenhos e pinturas, Tarsila Popular é a mais ampla exposição já dedicada a Tarsila do Amaral (1886-1973), uma das artistas mais notáveis do século 20 e figura central do modernismo brasileiro.

A curadoria de Adriano Pedrosa e Fernando Oliva joga luz no trabalho da artista a partir de novas perspectivas e contextualizações. A exposição que ocupa o primeiro andar do MASP faz um recorte da trajetória artística de Tarsila em diálogo com a construção de uma identidade nacional nas artes, assim como fizeram também seus contemporâneos Candido Portinari (1903-1962), Lasar Segall (1891-1957) e Anita Malfatti (1889-1964).

Como o próprio título sugere, o enfoque da exposição é o “popular”, que a artista tanto explorou em seus trabalhos ao longo de toda a sua carreira. Nas obras de Tarsila, o popular se manifesta por meio de paisagens do interior ou do subúrbio, da fazenda ou da favela, povoadas por indígenas ou negros, personagens de lendas e mitos, repletas de animais e plantas, reais ou fantásticos.

Justamente por isso, o mais interessante é visitar a exposição observando esse aspecto “popular do Brasil” nas obras da artista, que sempre buscou a construção da nossa “brasilidade” por meio de sua arte. Não deixe de reparar nas cenas de Carnaval ou de feiras ao ar livre, além da relação de sua obra com a religiosidade e, ainda, com as lendas populares e indígenas – caso das obras A Cuca (1924), Abaporu (1928) e Batizado de Macunaíma (1956). 

Obra prima da artista, a tela Abaporu é o destaque da mostra

Acima de tudo, reserve um tempo para admirar a joia da exposição: a tela de Abaporu, considerada uma espécie de “Mona Lisa” da artista. A obra, que pertente ao Museu de Arte Latino Amaricano de Buenos Aires – MALBA, nunca havia sido exibida no MASP antes. Nos anos 60, Tasila vendeu a obra por um preço abaixo do mercado para Pietro Maria Bardi, marido de Lina Bo Bardi e então diretor do MASP. Mas, ao invés de integrar a tela ao acervo do museu, ele preferiu vende-la em sua própria galeria para um colecionador, fato que a manteve longe das exposições públicas por muito tempo. Portanto, é uma alegria imensa termos, agora, a chance de ver o Abaporu bem de pertinho no MASP – não perca essa oportunidade (e, quem tiver crianças, não deixe de leva-las também!).

Tarsila: a pintora do Brasil

Em 1923, em uma carta a seus pais, Tarsila do Amaral avisava: “Quero ser a pintora do meu país”. Tarsila viajou o mundo inteiro para pintar a sua terra natal – mamoeiros, negros, trabalhadores, carnaval. Depois de estudar com grandes mestres europeus e se inspirar no que estava sendo produzido na época, ela voltou ao Brasil para expressar sua arte, unindo a riqueza de suas raízes às ideias contemporâneas de um mundo em movimento acelerado.

TARSILA POPULAR
Local: MASP, primeiro andar
Endereço: Avenida Paulista, 1578, São Paulo, SP
Telefone: (11) 3149-5959
Horários: quarta a domingo: das 10h às 18h (bilheteria aberta até 17h30); terça-feira: das 10h às 20h (bilheteria até 19h30)

Lina Bo Bardi: Habitat

A mostra reflete a amplitude da produção artística e do pensamento da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi (1914-1992), que criou o projeto arquitetônico do próprio museu guiada pelo uso de vidro e concreto, em 1968. Mas, a exposição evidencia que Lina foi muito além da arquitetura, atuando com maestria também em produção de revistas, educação, curadoria de museus e o que ela chamava de “arquitetura ambiental”: uma arquitetura que buscava se relacionar com o seu contexto e com o entorno tropical do Brasil.

Para além da exposição: o livro-catálogo must-have  

A mostra Lina Bo Bardi: Habitat extrapolou o território do MASP e resultou também no livro-catálogo com o mesmo título e versões em português, espanhol e inglês. Assim com a mostra, o belo livro é dividido em três capítulos: “O Habitat de Lina Bo Bardi”, “Repensando o Museu” e “Da Casa de Vidro à Cabana”.

Tanto a mostra como o livro revelam os projetos fundamentais da carreira da arquiteta, bem como de momentos decisivos de sua trajetória pessoal, como a chegada do casal Bardi ao Brasil, o MASP e sua radical pinacoteca com cavaletes de vidro, a Casa de Vidro (outro programa cultural imperdível em São Paulo, clique no site para agendar uma visita), a revista Habitat (a exposição toma emprestado o nome da revista que inovou no design gráfico e na crítica de arte e arquitetura no Brasil fundada por Lina e Pietro Bardi e editada por ambos entre 1950 e 1953), sua experiência em Salvador, na Bahia, a curadoria da exposição A Mão do Povo Brasileiro, os projetos de edifício e cenário para teatro, o SESC Pompeia (projeto arquitetônico maravilhoso de Lina que merece ser descoberto) e uma ampla seleção de mobiliário. Após o MASP, onde ficará até 28 de junho, a mostra será exibida no México e nos Estado Unidos, com diferentes configurações em cada país. Não perca!

LINA BO BARDI: HABITAT
Local: MASP, primeiro subsolo
Endereço: Avenida Paulista, 1578, São Paulo, SP

Descubra mais sobre a história do MASP

Famoso pelo vão livre de 74 metros que se estende sob quatro pilares vermelhos e que foi pensado como uma praça pública para a população desfrutar, o edifício do MASP tem assinatura da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi e é considerado um ícone da arquitetura modernista brasileira. Trata-se de um dos mais populares símbolos da capital paulista, tombado pelas três instâncias de proteção ao patrimônio: IPHAN, Condephaat e Conpresp.

Instituição particular sem fins lucrativos, o MASP foi fundado em 1947, por iniciativa do paraibano Assis Chateaubriand. Instalado originalmente na Rua 7 de Abril, no Centro, foi transferido para o número 1578 da Avenida Paulista, seu atual endereço, somente em 7 de novembro de 1968.

Ao longo de sua história, ganhou fama por uma série de iniciativas no campo da museologia e da formação artística. Também se destacou pela forte atuação didática: foi um dos primeiros espaços museológicos do continente a atuar com um perfil de centro cultural da cidade de São Paulo.

O MASP possui a mais abrangente coleção de arte ocidental da América Latina e de todo o Hemisfério Sul, sobretudo os conjuntos referentes às escolas de artes italiana e francesa. Possui também maravilhoso acervo de arte brasileira, além de pequenos conjuntos de arte africana e asiática, artes decorativas, peças arqueológicas, fotografias, etc. No total, o acervo soma aproximadamente 8 mil obras.

Quem gosta de moda, deve ficar de olho na programação das eventuais exposições organizadas sobre o tema. Por iniciativa de Pietro Maria Bardi, faz parte do acervo do museu uma coleção de 140 vestidos apresentados nos desfiles da Rhodia. O projeto executado entre o fim dos anos 60 e início dos 70 era pioneiro e reuniu pela primeira vez artistas, designers de moda e a indústria de tecidos.

Por fim, o MASP abriga uma das maiores bibliotecas especializadas em arte do país. Que sorte a nossa podermos frequentar um museu tão belo e completo, vá lá!

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Amanda Kroff
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